Esta doença é um pesadelo para muitas mulheres. A endometriose é uma das principais causadoras de um tipo de cólica, durante o período menstrual, que pode incapacitar as mulheres de exercerem as suas atividades habituais. Além disso, a doença provoca outros sintomas, como dor durante as relações sexuais, sangramento intestinais e urinários durante a menstruação, com o agravante de dificultar a gravidez. O problema hoje em dia afeta 8 milhões de mulheres brasileiras, segundo o Ministério da Saúde, principalmente, entre 25 e 35 anos de idade.
Dr. Francisco Furtado Filho, médico especialista em Ginecologia e Obstetrícia do Pilar Hospital, explica que a endometriose é uma doença inflamatória provocada por células do endométrio (tecido que reveste o útero) que, ao invés de estarem presentes exclusivamente dentro da cavidade uterina, por algum fator ou causa ainda não totalmente conhecida pela medicina, podem estar presentes na cavidade abdominal acometendo o aparelho reprodutor interno (útero, trompas e ovários), bem como outras estruturas da pelve como as alças intestinais, aparelho urinário e o peritônio (tecido que reveste a cavidade abdominal).
“Infelizmente, ela é uma doença crônica que não tem cura, porém, temos tratamentos clínicos e cirúrgicos com os quais conseguimos melhorar a qualidade de vida e recuperar a capacidade reprodutiva da maioria das portadoras da doença. É uma doença enigmática e os tratamentos precisam ser individualizados, levando-se em consideração uma série de aspectos. O desejo de engravidar, a presença da infertilidade, o estágio inicial ou avançado da doença, a qualidade de vida estar mais ou menos comprometida, condições clínicas para o uso de tratamentos hormonais isolados ou combinados ao tratamento cirúrgico. Enfim, cada caso precisa ser muito bem estudado e o tratamento a ser instituído precisa conseguir atender as necessidades e expectativas da paciente”, comenta.
O especialista destaca que o tratamento clínico pode ser feito com o uso de diferentes medicamentos hormonais que impedem a ovulação e, consequentemente, a produção de hormônios que estimulam os focos endometrióticos – e lembra que esses não são isentos de efeitos colaterais -. “Já o tratamento cirúrgico, minimamente invasivo, é feito por laparoscopia com ou sem o uso da robótica. Nos quadros de endometrioses avançadas com comprometimento intestinal e ou urinário, a abordagem cirúrgica sempre será multidisciplinar elevando a segurança do paciente e a melhores resultados. Na nossa experiência o tratamento cirúrgico invariavelmente traz mais benefícios para as mulheres, tanto do ponto de vista de melhora da qualidade de vida, bem como da capacidade reprodutiva”, avalia.
Diferenças da patologia e individualização do tratamento
Conforme Dr. Furtado, as endometrioses podem ser classificadas em endometrioses superficiais e profundas, quando os implantes endometrióticos acometem determinados estruturas pélvicas de forma mais agressiva, mas, nem por isso, devem ser tratadas imediatamente cirurgicamente. “Depende da sintomatologia, dos demais órgãos acometidos, desejo de gestação e uma série de outros aspectos. Uma peculiaridade da doença é que nem sempre as pacientes portadoras de endometrioses avançadas apresentam mais sintomas de dor, por exemplo, do que as pacientes com endometrioses superficiais. Esse é um fato que colabora para a demora no diagnóstico da doença. Em média a demora é de 9 a 13 anos a partir dos primeiros sintomas relatados pela paciente”, informa.
Para uma atuação mais assertiva para cada caso, o tratamento cirúrgico sempre é multidisciplinar. “Além dos cirurgiões ginecológicos, colo-proctológicos e urologistas, muitas vezes temos clínicos, psiquiatras, nutricionistas e fisioterapeutas participando diretamente na assistência dessas pacientes. Seja no pré ou pós-operatório. Hoje sabemos que algumas dietas alimentares melhoram consideravelmente a qualidade de vida das portadoras de endometriose, bem como determinados tipos de exercícios físicos”, ressalta o médico.
Se não tratada, os impactos para a saúde da mulher vão além dos aspectos psicossociais e físicos, com eventuais complicações clínicas começando pela piora da fertilidade da mulher até a complicações clínicas com cirurgias de urgência que poderão ser necessárias. “Com o tratamento adequado é possível que a mulher tenha uma vida normal. Com o estadiamento adequado da doença, abordagem clínica ou cirúrgica ou até mesmo combinada, a vida dessas pacientes pode ser plenamente recuperada. Mas vale ressaltar que ainda não temos a cura que tanto desejamos porque, infelizmente, o principal fator é que desconhecemos, até hoje, a origem da doença”, lembra.
Cirurgias minimamente invasivas com o uso da robótica
O Pilar Hospital dispõe de equipamentos que auxiliam os médicos cirurgiões a realizarem procedimentos com menor tempo cirúrgico, redução de sangramento, melhor visualização da anatomia, maior precisão cirúrgica, além de oportunizar menor intensidade de dor pós-operatória e diminuição no tempo de internamento. “O uso da robótica no tratamento da endometriose profunda e avançada é algo que vem sendo aplicado com maior frequência em algumas situações e que observamos resultados melhores e diversos benefícios para a paciente. Em casos que temos o envolvimento do intestino, ureter com eventual reimplante do mesmo e envolvimento do sistema de inervação da pelve, observamos grandes vantagens na aplicação da cirurgia robótica com auxílio do robô Da Vinci, que está disponível para a equipe médica e pacientes no Pilar”, comenta.
Integrando o escopo de atendimento às mulheres, a CEDIP conta com profissionais especializados na realização de exames de imagem e diagnóstico da endometriose.